Reunião do Grupo de Pesquisa - 26/5/2020
Presentes:
- Prof. Carlos Olavo Quandt
- Prof. Alex Ferraresi
- Prof. Ubiratã Tortato
- Arthur Tortato
- Paula Minetto
- Norma Brambilla
- Sandra Santos
- Clarissa Rocha
- Matheus Hamerschmidt
- Marcos Mazurek
- Marlon Liebel
- Marcelo Castilho
Ausência justificada: Juliana Hellwig
Prof.
Quandt inicia informando que teremos uma apresentação do colega Marcelo
Castilho sobre sua Tese de Doutorado. Comenta também
sobre o projeto de PIBIC do Arthur e da Tese da Sandra, que estão
relacionados.Arthur informa que está documentando os projetos que tem
encontrado. Prof. Quandt sugere a montagem de um quadro para facilitar o
estudo. Prof. Quandt comenta com seus orientandos
a necessidade de marcar reuniões para dar andamento a seus projetos e,
na sequência, passa a palavra para que o Marcelo faça sua apresentação.
O
título provisório da Tese é Ecosystem concept challenge: effects after a
profound disruption. Prof. Alex questiona a definição
de ecossistema como entidade. Segundo Marcelo, ecossistema pode ser
compreendido de diversas formas e tem sido abordado na literatura de
inovação nos últimos 10 anos. Marcelo prossegue com sua apresentação
explicando o conceito de Ecossistemas, originado na
Biologia, com base em Moore (1993), explicando que as comunidades de
negócios, também são sistemas em que as entidades manifestam
codependência e colaboração. Outra observação extraída deste autor, dá
conta de que a sociedade deve encontrar formas de ajudar
os membros de um ecossistema que esteja morrendo, ou seja, aceita-se o
fim de um ecossistema, desde que a competição deste com outros
ecossistemas tenha sido "feroz é justa", privilegiando a sobrevivência
daquele que melhor se adapta. Apresenta quatro afirmações
que sustentam a teoria dos ecossistemas: (i) a primazia da inovação na
economia global sustenta os ecossistemas, (ii) o conceito de ecossistema
gera a promessa de uma entrega de maior valor agregado, (iii) a
resiliência transformativa se refere a um risco
relacionado ao meio-ambiente e (iv) consequências de uma grande
disrupção pode desafiar as fundações do conceito de ecossistema. Detalha
cada uma das afirmações apresentadas.
(i)
a primazia da inovação na economia global sustenta os ecossistemas - a
sustentação se dá através de "lugares" onde ocorre a ação
coletiva nos quais as complementaridade acelera os ciclos de inovação
disruptiva. A estratégia trata sobre como as empresas agem em função da
configuração do ecossistema do qual faz parte. Os desafios para
concepção desta estratégia são representados pela
interação entre os elementos estruturais do ecossistema - a proposição
de valor do ecossistema é função de seus recursos, atividades, valor
adicionado e valor capturado.
(ii)
o conceito de ecossistema gera a promessa de uma entrega de maior valor
agregado - Marcelo apresenta a posição central atribuída
por Scaringella e Radziwon (2018) ao ecossistema de negócios, em
relação aos ecossistemas empreendedores, de conhecimento e de inovação.
Outro modelo apresentado, semelhante ao de rede, é fornecida por
Tsujimoto, Kajikawa, Tomita e Matsumoto (2018), é descrito
como as relações invisíveis (informais) contidas dentro da rede de
atores em fluxos territoriais. Marcelo apresenta então uma síntese das
perspectivas pelas quais pode se atribuir um conceito a ecossistemas:
ecológico; de redes; territorial; de inovação, negócios
e colaboração; de risco; de recursos/estrutura. Comparativamente,
Tsujimoto, Kajikawa, Tomita e Matsumoto (2018) separam os conceitos em
quatro correntes: ecologia industrial, ecossistema de negócios,
gerenciamento de plataforma e rede multiatores. Marcelo
conclui o tópico explicando que o conceito de ecossistema inclui: (i)
colaboração, (II) capacidades complementares, (iii) um espaço que
impulsiona as oportunidades de negócio, (iv) um constante desafio para
manter-se à altura dos demais participantes do ecossistema
e (v) abertura a potenciais contribuições e participante criativos.
(iii)
a resiliência transformativa se refere a um risco relacionado ao
meio-ambiente. Marcelo explica que o conceito de resiliência
se trata da transformação e aprendizado em meio a disrupções e está
relacionado a estratégias baseadas na antifragilidade que buscam a
redução do risco de falha ao mesmo tempo que enfatiza oportunidades de
sucesso
(iv)
consequências de uma grande disrupção pode desafiar as fundações do
conceito de ecossistema. Marcelo explica que ecossistemas
expostos ao desconhecido em razão de disrupções severas oriundas de
eventos externos podem responder de formas diferentes, rompendo com o
passado. Marcelo
vê a oportunidade de construir um novo entendimento sobre o conceito de
ecossistema no contexto de uma profunda disrupção,
no caso, a atual causada pela COViD-19.
Os
pressupostos do trabalho são: (i) um desafio emerge nos ecossistemas em
razão de uma profunda disrupção, (ii) o conceito de ecossistema
atual permanece válido quando submetido a uma grande disrupção exógena -
COVID-19? e (iii) o conceito de ecossistema pode emergirá de novas
formas, para enfrentar melhor ambientes sujeitos a grandes disrupções.
O
objetivo da pesquisa é identificar os efeitos de uma grande disrupção
exógena em ecossistemas, no contexto de organizações inovativas.
A
principal pergunta da pesquisa é: Como os ecossistemas se comportam
quando desafiados por uma disrupção profunda? Outras duas perguntas
para as quais serão buscadas respostas são: (i) o que acontece de fato
com os ecossistemas quando expostos a profundas disrupções? e (ii) quais
são os padrões que surgem nos ecossistemas quando são resilientes?
Prof.
Alex questiona a existência de um ciclo de vida de ecossistemas - se há
algum estudo sobre o tema. Mais que isso, questiona
se existem os próprios ecossistemas. Questiona a utilização de
analogias com o campo da Biologia para a área de Administração. O
ecossistema é formado deliberadamente? Questiona também as diferenças
entre ecossistema e rede, levantando o tópico da governança
de um ecossistema, que ditará seu comportamento, com as implicações
disto na aplicação da Teoria Organizacional aos ecossistemas.
Marcelo
argumenta que esse é um de seus interesses como pesquisador, entender
esta "entidade" que tem sido relatada nos últimos trinta
anos - desde 1993. Prof. Alex alerta para o modismo do Ecossistema e da
Inovação no campo da Administração. Sugere que o pressuposto para a
pesquisa do Marcelo é a existência de Ecossistemas, e que ele faça a
distinção entre Ecossistema e Rede em seu trabalho.
Prof. Quandt comenta que, em seu trabalho, Marcelo questiona a solidez
dos conceitos que definem o Ecossistema, ao mesmo tempo em que seu
trabalho o analisa. Este é um ponto contraditório que precisa ser
resolvido. Marcelo comenta que os ecossistemas têm bordas
- limites - perceptíveis. Prof. Alex discorda, argumentando que há
sobreposições de ecossistemas, praticamente impossibilitando a
identificação destas chamadas bordas. Comenta seu ceticismo acerca do
tema ecossistemas.
Paula
comenta que, em evento sobre cidades inteligentes no ano passado, um
dos temas era Ecossistemas de Inovação e Análise de Redes.
Prof. Quandt comenta que um ecossistema, dentro da analogia com a
natureza, não é muito resiliente, haja vista a interferência dos humanos
na natureza. Por outro lado, a ideia das redes é justamente a
resiliência, quando um nó da rede desaparece, é substituído
por outros elementos da rede, com rearranjos que mantenham o
funcionamento da rede. O termo rede é utilizado em muitos sentidos,
tornado-se genérico.
Segue-se
um debate sobre os conceitos de ecossistema e de rede, suas semelhanças
e possíveis incoerências. Prof. Alex sugere que
Marcelo aponte em seu trabalho as semelhanças entre os conceitos de
ecossistemas e rede, e que defina ecossistema como "rede de inovação",
trazendo a discussão da fragilidade de um ecossistema que, em sua
opinião, não tem resiliência. A partir desta definição
é possível explorar as conexões que levam à formação desta rede de
inovação.
Prof.
Quandt comenta que a oportunidade de questionar o conceito de
ecossistema, que ainda não está consolidado, pode se perder se
de partida ele for rotulado como "rede de inovação". Devolve a palavra
ao Marcelo para que continue sua apresentação, pois ele gostaria de
apresentar algumas dúvidas que tem sobre o encaminhamento da pesquisa.
Marcelo
comenta que com base nos comentários já feitos vai explorar o paralelo
ecossistema/rede na busca de conceitos mais adequados.
Marcelo apresenta sua proposta de unidade de análise: o relacionamento
existente nos ecossistemas. O objeto de estudo é a resiliência nos
ecossistemas. Neste ponto, Marcelo apresenta dois novos questionamentos a
serem abordados em sua pesquisa (i) o que os
empreendedores fazem quando respondem a disrupções, como uma capacidade
multinível e contextual, parte de um processo de transformação positiva
sob circunstâncias adversas? e (ii) como as firmas ou indivíduos lidam
com as disrupções e, portanto, nas estratégias,
práticas ou ações das entidades empreendedoras, enquanto elas respondem
a distúrbios e parâmetros contextuais em constante mudança?
Quanto
à delimitação do estudo, Marcelo propõe que sejam abordados os
ecossistemas de organizações inovativas. A perspectiva teórica
está pautada nos sistemas sociais e na resiliência. A pesquisa será
exploratória, utilizando a Grounded Theory como método. Prof. Alex
sugere que se defina qual o conceito a ser utilizado de ecossistemas e
que isso seja o pressuposto para o restante do trabalho.
Prof.
Alex faz suas ponderações sobre o que caracteriza um ecossistema de
inovação usando a FAE e a PUCPR como exemplos e criticando
os resultados obtidos. Prof. Quandt ressalta que a visão do Prof. Alex
está pessimista sobre o assunto apresentado, buscando o consenso sobre o
encaminhamento da pesquisa do Marcelo.
Próxima reunião: 9/6/2020
Confirmada
a apresentação do Prof. Fernando Deschamps e do Prof. Loures.
Aproximação da área de Engenharia com a Administração.Deve-se
explorar mais o que está acontecendo com as pessoas neste mundo de
transformação digital, o lado humano da inovação.
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